A variação do dólar é um assunto que está sempre presente nos noticiários. Referência para a economia global, o dólar é utilizado como padrão monetário nas transações internacionais, por isso a variação acaba tendo impacto significativo na economia como um todo.
De acordo com o educador financeiro João Victorino, a variação do dólar é um reflexo de vários fatores da economia e afeta desde o preço de produtos importados até a viagem das férias. Isso ocorre devido ao impacto da moeda na inflação.
“Quando o dólar sobe, produtos importados, como combustíveis, ficam mais caros. Por outro lado, uma queda no dólar pode beneficiar consumidores ao baratear produtos importados, mas pode prejudicar setores exportadores, que perdem competitividade”, explica.
Entenda como a variação funciona
Segundo Victorino, a variação do dólar acontece pela dinâmica de oferta e demanda. Segundo ele, quando muitas pessoas ou empresas precisam de dólares em determinado país, o preço sobe. Por outro lado, se há mais dólares disponíveis do que interessados em comprá-los, o preço cai. Isso reflete o interesse de investidores, empresas e governos nas negociações internacionais.
Além disso, fatores como política monetária, relativa às taxas de juros, política fiscal (gastos e arrecadações governamentais) e eventos globais impactam essa variação. “Merece um destaque especial a percepção dos investidores (desde pessoas físicas a grandes empresas): se eles consideram que o risco de investir em um país aumentou por governos que gastam muito e têm a capacidade de pagamento dos empréstimos comprometida, podem retirar capital, reduzindo a oferta de dólares, o que eleva o preço da divisa”, acrescenta.
O que faz o preço do dólar subir?
O dólar sobe quando há um aumento na demanda por ele, seja por razões locais ou globais. Em momentos de incerteza mundial, como crises políticas ou econômicas, investidores buscam a segurança da moeda americana. Taxas de juros mais altas nos Estados Unidos também tornam os investimentos em dólar mais atrativos, levando a uma maior procura.
Além disso, déficits na balança comercial, quando o país importa mais do que exporta, elevam a necessidade de dólares para transações internacionais. Internamente, a instabilidade econômica ou política pode enfraquecer a moeda local, favorecendo a valorização do dólar.
Por que o dólar cai?
A queda do dólar ocorre quando a demanda pela moeda diminui ou quando há fatores que valorizam a moeda local. Um cenário global mais estável, por exemplo, encoraja investidores a diversificarem seus investimentos, reduzindo a busca pelo dólar. Entradas significativas de dólares no país, seja por exportações em alta, aumento do turismo ou influxo de capital estrangeiro, também pressionam o preço para baixo. Além disso, as quedas nos juros americanos tornam a moeda menos atrativa para investidores, levando à sua desvalorização frente a outras moedas.
Reflexos na economia
A variação do dólar gera reflexos distintos em diferentes setores. Na indústria, empresas exportadoras se beneficiam de um dólar alto, enquanto aquelas que dependem de insumos importados enfrentam custos maiores. Para o consumidor, o impacto é sentido nos preços de itens com componentes importados, como eletrônicos, e em serviços como combustíveis.
No turismo, o dólar caro desestimula viagens internacionais e incentiva o turismo doméstico. No mercado financeiro, a oscilação do dólar afeta ações, títulos e commodities, influenciando o comportamento de investidores e a economia como um todo.
“Importante lembrar que o câmbio é um preço relativo entre moedas, ou seja, entre o dólar e o real. Pode acontecer, por exemplo, de o real se desvalorizar (o dólar subir), enquanto o próprio dólar perde valor frente ao euro. Esse movimento reflete dinâmicas globais e locais que acontecem ao mesmo tempo”, finaliza Victorino.