Inflação e juros: como eles interferem no seu orçamento? O aumento da inflação tem efeito negativo sobre as finanças das pessoas - Shutterstock

Recentemente, foram divulgadas pesquisas que apontam que o IPCA, que mede a inflação nos produtos para os consumidores brasileiros, deve ter um aumento de 5,55% ao fim deste ano. Além disso, projeções dos analistas do Focus mostram que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve elevar a taxa de juros em 0,5 ponto nesta semana.

Com essas altas na inflação e nos juros, muitos se perguntam: como isso afeta as pessoas e seu orçamento? Afinal, para quem não entende tão profundamente sobre economia, essas questões podem ser um pouco complicadas de desvendar.

Primeiramente, é preciso entender bem o que é a inflação. “A inflação, nada mais é, do que o aumento dos preços de bens e serviços em determinado espaço de tempo. Quando falamos que R$ 100,00 não compra o mesmo que comprava há cinco anos, estamos dando um exemplo prático de como a inflação faz nosso dinheiro perder o valor com o tempo”, diz a consultora financeira Loren Mendes.

O economista, pesquisador e financista Lucas Borges explica que isso reduz o poder de compra das pessoas. “As famílias precisam gastar mais com itens essenciais, o que leva a cortes em outras áreas do consumo. O orçamento fica mais apertado, especialmente para as classes mais baixas, que gastam uma maior parte de sua renda com necessidades básicas”, comenta.

Já sobre o aumento dos juros, Loren explica que isso faz com que os financiamentos e parcelamentos também fiquem mais caros. Porém, muitas famílias acabam comprando mesmo assim.

“Algumas famílias vão continuar comprando, seja por desorganização ou por ser um item imprescindível. Em pesquisa recente, a Confederação Nacional dos Dirigentes Logistas – CNDL, levantou que mais de 50% dos inadimplentes fazem compras conscientes de que não conseguirão pagar. Já para aquelas famílias mais organizadas/conscientes, muitas compras podem ficar para depois”, diz.

Setores mais afetados

O educador financeiro Emerson Santos, CEO da Finex Brasil, empresa de educação e consultoria financeira, complementa que alguns setores são ainda mais afetados em momentos como esse, com alta inflação e juros.

“Por exemplo, o setor de alimentos e varejo sofre porque os custos de produção e logística aumentam com a inflação, e isso acaba sendo repassado ao consumidor. Já a construção civil e o mercado imobiliário são muito sensíveis aos juros altos, porque financiamentos ficam mais caros e isso afasta os consumidores. O setor automotivo também sofre, pelo mesmo motivo – com o crédito mais caro, as vendas de veículos caem. E não posso deixar de citar o setor de serviços: com o poder de compra das famílias reduzido, a demanda por serviços, que muitas vezes são vistos como “não essenciais”, também diminui”, elenca ele.

Medidas para impedir que a inflação e os juros afetem o orçamento familiar

Segundo Emerson, os trabalhadores podem tomar certas medidas para não deixar a inflação e os juros se tornarem um problema. “Eu sempre digo que planejamento é a palavra-chave. Em um cenário de inflação e juros altos, o trabalhador precisa organizar o orçamento com muito cuidado”, orienta.

Mas como fazer isso? “É fundamental fazer um levantamento das despesas e receitas atuais, avaliando tudo que é essencial ou supérfluo. Fazer um checklist e identificar quais itens podem ser excluídos, reduzidos e/ou substituídos, e estabelecer um teto de gastos para cada setor da sua vida financeira (alimentação, moradia, lazer, etc.)”, indica Loren.

Ela ainda comenta que é preciso fazer uma reserva de dinheiro, para conseguir pagar as despesas caso aconteça alguma emergência.


Mayra Cardozo

Mayra Cardozo é formada em Jornalismo e pós-graduanda em Jornalismo Cultural e de Entretenimento pelo Centro Universitário Belas Artes de...