Mãe e filha criam startup que ensina educação financeira por meio de jogos A Investeendo estimula a educação financeira entre os jovens por meio de jogos - Shutterstock

Cada vez mais mulheres têm decidido ser donas do seu próprio negócio. De acordo com dados da última edição da pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo, as mulheres já representam a maior parte de potenciais pessoas empreendedoras (54,6%). Esse é o caso da mãe Vanessa Cristiane Motta e da filha Mariana Motta de Matos, sócias e cofundadoras da Investeendo, uma startup que une a educação financeira com a gamificação e já impactou mais de 6 mil jovens em três estados brasileiros, com o uso de mais de 40 jogos.

O empreendedorismo sempre foi ponto alto na vida das duas. De um lado, Vanessa, que dava aulas particulares para seus colegas durante a adolescência e vendia itens manuais que fazia durante seu tempo livre. Do outro, Mariana, que fazia e vendia pulseiras de elástico no ensino fundamental e de bala de brigadeiro no ensino médio. Vanessa se formou em educação física e depois virou bancária. Foi quando se viu na obrigação de ensinar educação financeira, pois via de perto como o tema afeta a vida das pessoas. 

Início da Investeendo

A vida das duas se uniu no empreendedorismo apenas durante a pandemia de Covid-19. Na época, Mariana, que é administradora, foi morar junto com a mãe no interior do Paraná. Então passaram a pensar maneiras de serem relevantes nas vidas das pessoas com o tema educação financeira. “Durante uma de nossas viagens surgiu a ideia de começar a me especializar no assunto e dar palestras em escolas, faculdades e mentorias sobre educação financeira para jovens. Foi um sucesso e conseguimos trazer para Curitiba (PR) e, inclusive, receber um convite da Secretária de Educação do Paraná para tratar desse tema com os professores”, conta Mariana.

Começar os webinários para professores iniciou o momento mais marcante para Vanessa. Foi por meio deles que mãe e filha conheceram Sam Adam Hoffmann, sócio na startup. Ele é professor da rede pública do Paraná e encontrou nos jogos uma solução para engajar seus alunos. Juntos, criaram uma metodologia inclusiva baseada em jogos analógicos. A expectativa é que até 2027 a organização alcance 100 mil alunos.

“Quando eu, Mari e Sam pudemos transformar em uma empresa, o que cada uma de nós já fazíamos por propósito individual, e agora como sócias, onde de uma maneira bem mais organizada unimos nossas forças em um propósito grandioso, que é levar educação financeira e empreendedora para os jovens em situação de vulnerabilidade social, de uma maneira gamificada e altamente engajadora, foi mágico”, lembra Vanessa.

Impacto social da startup

Além do impacto da educação financeira, a Investeendo tem um papel importante na mudança social. Por meio da startup, os jovens são incentivados continuamente e conseguem desenvolver habilidades emocionais. “A Investeendo contribui muito com o desenvolvimento de jovens empreendedores, pois eles são incluídos no processo empreendedor através da gamificação, o que torna mais real a prática das habilidades emocionais, de comunicação e financeiras requeridas em um empresa. Essa vivência empreendedora traz ao jovem a real noção do que é empreender, encorajando a tomada de decisões e a criação de novos negócios”, explica Mariana. 

Para a empreendedora, um dos momentos mais marcantes aconteceu em uma ação feita em parceria com uma empresa de Cubatão (SP), que beneficiou cinco escolas. Ao final, foi feito um evento para que os alunos apresentassem suas maquetes e empresas criadas com o jogo. Mas, uma dessas equipes teve sua maquete sabotada por outros colegas um dia antes da apresentação. “A mãe de um deles passou a madrugada toda ajudando a refazer do zero, e durante a apresentação, o menino de 12 anos enalteceu o nome da mãe no projeto. Ela começou a chorar de orgulho e ao final veio nos agradecer, pois o projeto aproximou ela e o filho”, conta. 

Assim como mãe e filha se apoiaram para iniciar a história da Investeendo, o auxílio e o agradecimento da mãe também retrata a importância do apoio familiar na jornada empreendedora. “Precisamos apoiar umas às outras, encorajar nossas filhas a serem o que quiserem ser e a buscar a independência financeira. Se você é mulher, tem um sonho, uma ideia ou um propósito, saiba que empreender pode ser o caminho para sua independência financeira, realização pessoal e impacto positivo na sociedade. Não se diminua, siga em frente, se capacite e acredite”, ressalta Vanessa.


Raquel Barreto

Raquel Barreto é formada em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. Além de investimentos e finanças, também escreve sobre saúde, beleza,...